Cheio de Vazio

É possível que se tenha algo cheio de “alguma coisa”, ou até mesmo de “muitas coisas”. Porém, quando “estas coisas” são coisas sem conteúdo, o que se tem de fato é “algo” cheio de vazio.

Se “algo” for utilizado para encher, preencher ou ocupar “alguma coisa”, e este “algo” for “algo sem conteúdo”, então, é possível até que “alguma coisa” seja ocupada em parte por um breve momento, mas esta “alguma coisa” não será o vazio que se quer encher. Pois, “coisa alguma” será efetivamente cheia por “algo sem conteúdo”.

No entanto, pode-se tentar encher, preencher ou ocupar qualquer vazio que exista com “qualquer coisa”. Mas, o "vazio" só se encherá e permanecerá cheio se esta “qualquer coisa” for “algo com conteúdo”.

E mais: Mesmo que “algo” tenha “conteúdo”, se o “conteúdo” não for especifico para o tipo de vazio que se quer encher, preencher ou ocupar, por mais que “alguma coisa”, ou até mesmo “muitas coisas” sejam utilizada, sempre existirá “algo” cheio de vazio.

Todavia, quando se enche, preenche ou ocupa um “vazio” com “algo” e este “algo” possui “conteúdo” e este “conteúdo” é específico para o vazio que se quer encher, então, este vazio já não será mais vazio. Pois, o mesmo deixará de existir por falta de espaço.

Em fim, dizendo o que já foi dito de uma outra forma. "Algo é cheio de vazio" quando parte ou todo espaço que possui não está ocupado, ou está ocupado com “algo sem conteúdo”, ou está ocupado com “algo” de conteúdo para outro tipo de vazio. Seja como for, em todos os casos o que se tem é um vazio cheio de vazio.

Contudo, quando falo sobre “vazio”, não me refiro necessariamente ao aspecto físico que sugere tal palavra, Não! Não é isso! A idéia que proponho para refletir, está mais para outro tipo de vazio: O “vazio da alma”; Ou “vazio de significado”; Ou “vazio de sentido”; Ou “Vazio de motivo”; Ou “vazio existencial”... Ou seja: falo sobre um tipo de vazio que possui natureza abstrata, subjetiva.

Sobre esse tipo de vazio, pode-se dizer que: é possível que se saiba exatamente o que é. Mas também é possível não se ter nem idéia do que seja. Pois, tal vazio é Algo como: Aquela coisa... Aquele negócio... Aquela necessidade... Aquele sentimento de falta (De algo; de alguém; de alguma coisa; Falta até mesmo de Muitas coisas)...

Seja como for que seja, é até difícil de dizer em palavras o que é este vazio. O que dá pra dizer é que é algo assim coisado! Eu arriscaria dizer sem medo nenhum de errar que muitas são as pessoas que têm este tipo de vazio.

Às vezes essas pessoas percebem a existência deste vazio, às vezes não; Às vezes essas pessoas identificam exatamente qual é este vazio, às vezes não; Às vezes essas pessoas admitem que tenha este vazio, às vezes não; Às vezes essas pessoas até conseguem preencher este vazio, às vezes não.

Então, você me pergunta: Quem são estas pessoas cheias de vazio? Ai eu respondo para mim, para você caso queira saber mesmo e para quem interessar possa. Estas pessoas são:

São pessoas que falam demais por não ter nada a dizer!
Estas pessoas nada dizem no seu muito falar, a não ser que tudo que diz denuncia o nada que de si mesmo vem. Por isso, geralmente usam frases de efeito, fala bordões e repete pensamentos que a mídia já incutiu em suas mentes fracas.
Se você é assim, cuidado com sua língua! Ela pode estar proferindo palavras cheias de vazio.

São pessoas que se tornam politicamente corretas!
Não porque ser politicamente correto seja correto para elas, mas apenas porque querem fazer parte de algo ou alguma coisa. Pois de outra forma não seriam parte de nada ou coisa alguma.
Se você é assim cuidado com sua motivação! Ela pode estar lhe levando a fazer coisas cheias de vazio.

São pessoas que vivem a vida em descompasso existencial!
Às vezes se colocam além de onde deveriam estar, vivendo as fases da vida de forma precipitada, sendo expostos e se expondo a circunstâncias e situações sobre as quais ainda não existe maturidade para absorvê-las. Outras vezes, ficam aquém do ponto onde deveriam estar. Negando-se deixar certas fases da vida para trás, por não possuir conteúdo ou bagagem para seguir adiante...
Se você é assim cuidado com sua alma! Ela pode estar impregnada de sentimentos e percepções cheias de vazio.

São pessoas que se mantém extremamente ocupadas!
E assim são até mesmo quando não existe a necessidade de ser. Pessoas assim têm dificuldade de ficar só, de escutar o silêncio, de olhar para dentro de si mesmo. Pessoas assim não suportam viver sem fazer nada um só segundo que seja, e quem estiver por perto tem de acompanhar seu ritmo ou então é conflito na certa.  Pessoas assim mantêm sua agenda cheia de compromissos, como forma de não ter tempo para ver o quanto sua vida é vazia de significado.
Se você é assim cuidado com sua eficiência! Ela pode ser eficientemente capaz de lhe transformar em uma pessoa cheia de vazio.

São pessoas que negam ser aquilo que de fato são!
E assim o fazem por não querer ser quem são, é óbvio! Ou por querer ser quem não é. Muito embora seja exatamente aquilo que são. Pois, quem é o que é não tem como negar, não dar para esconder, não deixa de ser só por dizer NÃO SOU!
Se você é assim cuidado com sua auto-imagem! Ela pode estar distorcida e cheia de vazio.

São pessoas que tentam ser aquilo que não são!
E assim o fazem, pois acreditam precisar ser. Ou por não aceitarem quem de fato é. O problema é que depois de certo tempo, tentando ser quem de fato não é, o indivíduo se enche da mentira do falso ser, e verdadeiramente age e vive como se fosse quem não é. Entretanto, ficar cheio de mentira é o mesmo que ser um pastel cheio de vento. Só tem casca, conteúdo que é bom, nada! Só enganação.
Se você é assim, cuidado com seu auto-engano! Ele pode estar fazendo de você um personagem cheio de vazio.

São pessoas que não sabe quem de fato são!
E por não saber, vive tentando descobrir. E para descobrir buscam respostas. E quanto mais busca, menos encontra, pois: É nesta busca que se envolvem com muitas coisas que seria melhor não se envolver... É nesta busca que se achegam a parceiros como quem troca de roupa... É nesta busca que se identificam com grupos (a galera... a turma... a comunidade... a tribo...) como quem tira documento... E nesta busca que se estabelece a sua fé ou a ausência dela, como quem aposta em loteria...
Se você é assim, cuidado com seu senso de auto-preservação! Ele pode estar lhe preservando como uma pessoa cheia de vazio.

Ora, os exemplos acima não devem ser considerados como julgamento sobre as pessoas, mas apenas uma percepção sobre um padrão de comportamento. Esse padrão seria o movimento consciente ou inconsciente no intuito de preencher o vazio que venho mencionando.

E por falar em “Vazio”, ainda é conveniente que se faça a diferença entre “Estar vazio” e “Ser vazio”. Estar vazio refere-se a um “momento existencial”. Ser vazio refere-se a um “estado existencial”.

Ora, quando se está vazio, o que se tem é um “esgotamento temporário” daquilo que se é. Esse “esgotamento” pode ser provocado por vários motivos: A ocorrência de um fato traumático; Uma circunstância adversa prolongada; Ou até mesmo alguém próximo a você que tenha a natureza de um vampirizador. Coisas deste tipo têm o poder de drenar praticamente toda a energia do indivíduo. Entretanto, embora possa abalar bastante não extingue a “essência do ser”.

Portanto, Estar vazio é apenas um indicativo que chegou à hora de reabastecer, de recarregar as baterias, de tirar umas férias, de esquecer momentos difíceis, de se afastar da fonte que causa o esgotamento nem que seja por um breve momento.

Por outro lado, quando se é vazio, tal estado é equivalente a um balde furado, ou seja: Por mais que se tente encher com água por exemplo, nunca se consegue encher de forma definitiva, pois o mesmo não consegue reter nada que seja líquido. O máximo que poderia ser feito, seria encher o balde com alguma coisa sólida e de tamanho maior que o buraco.

Da mesma forma, funciona com uma pessoa que é vazia, ou seja: Por mais que busque preencher seu próprio vazio, nunca conseguirá de forma definitiva. A não ser que use algo maior que o motivo do vazio.

Portanto, Ser vazio é um problema de natureza crônica! Pois nessa condição o que se esvaziou foi à própria essência do ser. Sendo assim, para reabastecer, recarregar ou encher esse vazio, é necessário se ter acesso à fonte criadora do conteúdo capaz de preencher a “essência” do ser.

Então, a pergunta cabível de se fazer nesse momento seria: Afinal, que fonte criadora é essa capaz de encher o vazio do ser com a essência que lhe falta?

Ora, muitas seriam as respostas a essa pergunta... No entanto, eu indubitavelmente acredito que:

A fonte criadora é DEUS!

Bem, eu fiz minha parte, falei daquilo que acredito do jeito que eu sei falar, agora você faça a sua. Encare seu vazio e busque preencher com a essência que está faltando

Antogofe